Letra: Carlos Tê
Música: Carlos Tê e Rui Veloso
Arranjo: Mário Delgado
Intérprete: Filipa Pais* (in 2CD "Voz & Guitarra", Farol Música, 1997)
Versão original: Rui Veloso (in 2LP/CD "Auto da Pimenta", EMI-VC, 1991)
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A branca areia as lágrimas banhavam,
Que em multidão com elas se igualavam.
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E nós, com a virtuosa companhia
De mil religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Para os batéis viemos caminhando.
LUÍS VAZ DE CAMÕES (in "Os Lusíadas", 1572 – Canto IV,
excertos das estrofes 92 e 88)
[instrumental]
Ó mar salgado, eu sou só mais uma
Das que aqui choram e te salgam a espuma.
Ó mar das Trevas, que somes galés,
Meu pranto intenso engrossa as marés.
Ó mar da Índia, lá nos teus confins,
De chorar tanto tenho dores nos rins.
Choro nesta areia: salina será?
Choro toda a noite, seco de manhã.
Ai, ó mar Roxo, ó mar abafadiço,
Poupa o meu homem, não lhe dês sumiço!
[instrumental]
Que sol é o teu nesses céus vermelhos?
Que eles partem novos e retornam velhos!
Ó mar da calma, ninho do tufão,
Que é do meu amor? Seis anos já lá vão!...
Não sei o que o chama aos teus nevoeiros:
Será fortuna ou bichos-carpinteiros?
Ó mar da China, Samatra e Ceilão,
Não sei que faça: sou viúva ou não?
Não sei se case: notícias não há...
Será que é morto ou se amigou por lá?
[instrumental / coros]
* Filipa Pais – voz, coros
Mário Delgado – viola acústica de 6 e 12 cordas
Produção – Manuel Paulo Felgueiras
Gravado e misturado por Tiago Lopes e Nuno Grácio, no Regiestúdio, Amadora, durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro de 1997
Masterizado por Jules Newell, no estúdio Mission Control, Lisboa